domingo, 23 de outubro de 2011

Terço missionário Hoje, véspera do dia 17 de outubro de 2011 faz 367 anos que santa Luiza nos Consagrou a Nossa Senhora em Chartres.

TERÇO MISSIONÁRIO
CANTO:

Hoje, véspera do dia 17 de outubro de 2011 faz 367 anos que santa Luiza nos Consagrou a Nossa Senhora em Chartres.  Também comemoramos vésperas dos 107 anos da chegada das três primeiras Filhas da Caridade que deram origem à nossa querida Província.

Em atitude de gratidão, recitaremos o terço missionário. Com cinco cores o terço missionário simboliza os cinco continentes, onde os missionários trabalham, sofrem e lutam para que a mensagem de Jesus seja conhecida por todos. 27% das pessoas do mundo ainda não ouviram o Evangelho! Só no Brasil faltam:
• 100 a 150 mil igrejas novas
• Identificar os lugares que ainda não foram evangelizados
• Preparar líderes para as igrejas já existentes e para as que vão surgir
• Mobilizar missões.  No Brasil existe mais de 4.800 religiões

Todos: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém!

Anim.: Senhor Jesus, reunidos em teu nome, oferecemos este terço missionário para que, por intercessão de Nossa Senhora, abençoados  e protegidos sejam  todos os que trabalham nas missões. Pedimos ainda, pelos que não conhecem a Jesus, pelos missionários doentes, pelos que arriscam suas vidas em nome do Evangelho


1ª. Dezena Verde-  Neste primeiro mistério luminoso contemplamos o Batismo de Jesus. Vamos rezar pela África, terra das verdes florestas. É a terra mãe dos negros,  e dos antepassados da metade dos brasileiros. O povo da África está sofrendo muito pela miséria, fome, guerras e lutas entre tribos. O crescimento e realizações da Igreja na África devem-se, em à dedicação heróica e desinteressada de gerações de missionários. A terra abençoada da África está literalmente semeada de sepulturas de valorosos arautos do Evangelho
/ E pelo mundo eu vou, Cantando teu amor, pois disponível estou para servir-te Senhor/


2ª. Dezena – cor vermelha -  Neste segundo mistério luminoso contemplamos as Núpcias de Caná. Vamos rezar pelas Américas. É a terra-mãe dos índios; terra vermelha de sangue de muitos genocídios e opressão. Mais de 200 missionários brasileiros trabalham em outros países da América Latina. Nesse continente moram 45 % dos católicos do mundo. Já são mais de 500 anos que o nome de Cristo foi anunciado no continente onde a  presença da Igreja no campo da educação e da ação social, fortalece o respeito pelos direitos humanos.
Rezemos pela nossa América que sofre com o fenômeno da globalização, o peso da dívida externa, a corrupção, o comércio e o consumo de drogas e a irresponsabilidade política.    
/ Ó Maria, atendei o nosso brado, lá do céu nossos rogos escutai, para termos o Pão Consagrado, Sacerdotes zelosos nos dai /


3ª. Dezena – cor branca -  Neste terrceiro mistério luminoso contemplamos o Anúncio do reino de Deus. Vamos rezar pela Europa. Deste Continente veio a maioria dos nossos antepassados, as Filhas da Caridade missionárias para o Brasil e para o Paraná. As três primeiras chegaram ao Porto de Paranaguá em 17 de outubro de 1904. Eram Irmã Luiza Olsztynska, Natália Zietak e Leocádia Suchoswiat chegaram ao Porto de Paranaguá no dia 17 de outubro de 1904. Louvemos a Deus e Maria Única Mãe da Companhia pelos 107 anos de doação das Filhas da Caridade em nossa Província. Que a Luz celestial ilumine as que nos antecederam na conquista do premio celeste e fortaleça-nos em nossa caminhada de fidelidade ao carisma primitivo. 
/Com Maria chegaram a Estrela do Mar. Com Maria lançaram as redes nas águas profundas pra evangeliza/

4ª, dezena – cor azul - Neste quarto mistério luminoso contemplamos a Transfiguração de Jesus. Vamos rezar pela Oceania. Lá moram 27 milhões de pessoas, espalhadas em 10.000 ilhas. O azul representa a cor dos mares. Uma dezena de missionários brasileiros trabalha na Oceania. As Igrejas Evangélicas são maioria na Oceania, mas o Evangelho de Jesus Cristo fala todas as línguas, estima e abraça todas as culturas, apóia-as em tudo o que é humano e, quando necessário, purifica-as.
Vai trabalhar pelo mundo a fora, eu estarei até o fim contigo. Está na hora, o Senhor me chamou. Senhor aqui está


5ª dezena – cor amarela - Neste quinto mistério luminoso contemplamos a Instituição da Eucaristia. Vamos rezar pela Ásia, berço de grandes culturas e religiões.  Mais da metade da população do planeta encontra-se na Ásia, mas somente 3% são católicos. Vários missionários brasileiros trabalham na Ásia. Nossa oração  e a nossa oração vão também a todas as pessoas que consagraram sua vida para o anúncio da Boa Nova nos cinco continentes.
/Envia, envia Senhor, operários para a messe.  Escuta, escuta esta prece, multidões te esperam Senhor

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Palavras-chave: Família Vicentina, Identidade, Carisma Vicentino, Evangelização libertadora

Palavras-chave: Família Vicentina, Identidade, Carisma Vicentino, Evangelização libertadora.

INTRODUÇÃO
São Vicente não nos legou uma síntese do seu pensamento muito menos uma doutrina sistemática da sua experiência espiritual. Com exceção de suas abundantes correspondências, das Regras Comuns que deixou aos seus missionários e de alguns outros textos, ele quase nada escreveu no que diz respeito à elaboração de obras teóricas. A característica marcante é o modo concreto como Vicente seguiu Jesus Cristo no intimo dos acontecimentos. Sendo assim, só nos resta recorrer cada vez mais o modo próprio de vivencia do nosso Pai Fundador, bem como também à santa Luisa de Marillac que teve uma contribuição original na fundação do carisma vicentino em seu contexto para podermos analisar o nosso tempo.
 O modo de pensar e agir hoje estão ligados às mudanças ocorridas no decorrer do tempo. Mudanças que fizeram com que a Igreja buscasse e ainda busque elementos que melhor se adaptem a realidade vigente sempre com muita liberdade. A liberdade religiosa na fé e nas consciências virá, explicitamente, enunciada em harmonia com certa maturidade do sentido da dignidade da pessoa humana, da verdade coletiva, da justiça e da fraternidade.
O papa Paulo VI em sua exortação apostólica Evangelii Nuntiandi diz: “Entre evangelização e promoção humana, desenvolvimento, libertação, há laços profundos; laços de ordem  antropológica, porque o homem a evangelizar não é um ser abstrato, mas está condicionado pelas questões sociais e econômicas. Laços de ordem teológica, porque não se pode dissociar o plano da criação do da redenção, que chega até ás situações muito concretas da injustiça a combater e da justiça a restaurar. Laços da ordem eminentemente evangélica, como o da caridade: como, na verdade proclamar o mandamento novo sem promover na justiça e na paz, o verdadeiro, o autêntico crescimento do homem? É impossível que na evangelização se possa ou se deva transcurar a importância dos problemas, hoje tão debatidos, que se referem à justiça, a libertação, ao desenvolvimento e a paz no mundo” (Cf. Ev. Nunt. 31). Paulo VI deixa a mensagem que: se de fato não buscarmos compreender o que é evangelizar de acordo com cada tempo presente estamos esquecendo da lição que vem do Evangelho sobre o amor ao próximo sofredor e necessitado, o pobre.
No presente artigo abordaremos questões pertinentes ao nosso carisma vicentino, como o mesmo pode ser mais bem explicitado, qual é a nossa identidade, como a mesma se configura na atualidade. Nisso refletiremos questões como: o que é carisma, o desafio da transmissão do carisma e da identidade vicentina hoje evangelizar a partir dos pobres, evangelização libertadora, onde estão os pobres hoje, no exílio? São vistos pela sociedade, pelo Estado e pela Igreja?
 O QUE É CARISMA?
            Teologicamente, carisma é dom de Deus que capacita a pessoa para o exercício de sua missão em favor de toda a comunidade. Etimologicamente vem do grego. O substantivo “charis”, que significa graça, favor, dom e o verbo “chaíro”, que é traduzido por, alegrar-se, regozijar-se. “A etimologia evidencia dois aspectos fundamentais do significado do termo, ambos corroborados pela perspectiva bíblica: trata-se de uma iniciativa inteiramente gratuita da parte de Deus que chama a pessoa a realizar-se na vivencia do amor que se faz doação e serviço aos outros” (cf. Vinícius Teixeira, Carisma dos Fundadores, sua assimilação e transmissão, p. 01). Em termos gerais, carisma é definido como: “qualidades especiais de lideranças num sentido político, derivado de individualidade excepcional” (cf. Dicionário da Língua Portuguesa Aurélio). 




No Antigo Testamento não se faz alusão explícita à noção de carisma. As referencias estavam ligadas a pessoas dos juízes, reis e os profetas. Esses eram responsáveis pelo serviço e libertação do povo. Nessa perspectiva há uma noção de “povo eleito”, como sendo os detentores do carisma. Com o novo Testamento a noção muda, principalmente com a Teologia de Paulo, que associa a palavra carisma com a ação operosa do Espírito Santo na comunidade cristã. “Derramado em nossos corações” (cf. GL 4, 6), é Deus mesmo no gesto de dom, o Espírito aparece como fonte comum de todos os carismas que mobilizam a vida da comunidade. “Más é o único e mesmo Espírito que tudo isso realiza, distribuindo à cada um os seus dons, conforme lhe apraz” (1 Cor 12, 4). Vejamos que mediante essa afirmação, a ação do Espírito apresenta-se como legitimadora da pluralidade de expressões, más é na edificação do corpo de Cristo e não ao proveito próprio e a projeção pessoal. A diversidade gera unidade e faz com que aja convergência de singularidade para a comunhão no amor.
O Concílio Vaticano II trouxe novidades para a compreensão do vocábulo carisma, que por muito tempo ficou restrita ao âmbito da Vida Consagrada. “O Espírito Santo distribui individualmente e a cada um, como lhe apraz, os seus dons e as graças especiais que tornam os fieis aptos e disponíveis para assumir os diversos cargos e ofícios úteis à renovação e maior incremento da Igreja, segundo aquelas palavras: a cada qual se concede a manifestação do Espírito para utilidade comum” (cf. 1Cor 12, 7, (LG, nº. 12). O Concílio retoma a interpretação de Paulo e das primeiras comunidades cristãs dos Atos dos Apóstolos. “Graças a clarividência do Concilio, podemos reconhecer a presença infinita do Espírito em todas as pessoas e comunidades que se  abrem à  sua ação santificadora” (cf. Vinícius Teixeira, Carisma dos Fundadores, sua assimilação e transmissão, p. 02). A ação  do Espírito não  se manifesta apenas em atos de heroísmo, ou em um determinado  povo eleito, mas se mostra em pequenos gestos de solidariedade e de altruísmo. Manifesta-se na ética pessoal de  quem não visa ter o poder como benefício pessoal e sim agir de forma despretensiosa junto a todos aquele que sofrem as injustiças do mundo.
 CARISMA DOS NOSSOS FUNDADORES
Falamos acima que carisma é “dom”, um dom particular foi confiado a Vicente de Paulo e a Luisa de Marillac. “Eles o intuíram aprofundaram e transmitiram a todos que compartilhavam do mesmo ideal missionário. Dessa graça singular brotou uma forma específica de seguir Jesus Cristo, assumindo sua missão de evangelizar e servir os pobres” (cf. Vinícius Teixeira, Carisma dos Fundadores, sua assimilação e transmissão, p.03). O carisma vicentino é no seu mais profundo significado um modo próprio de viver o Evangelho, como resposta ao projeto de Deus. Experiência única, pessoal e irrepetível, de cuja confluência brotou um estilo característico de ser cristão em comunhão com a Igreja. Isto é o que podemos chamar de carisma dos fundadores.
Mesmo que a palavra “vicentino” proceda etimologicamente do nome de Vicente de Paulo (Vicentius), não se pode atribuir somente a ele a peculiaridade do carisma vicentino. Há uma contribuição original de Luisa de Marillac. Os estudos que fazemos dos dois santos nos levam a essa compreensão. Os dois santos não tiveram a santidade já no inicio da caminhada, mas souberam ouvir os apelos da Divina Providencia. “Entremos em seu espírito para entrar em suas ações. Não basta fazer o bem. É preciso fazê-lo bem, a exemplo de Nosso Senhor” (cf. SV XI, 468). Há uma identificação com Cristo, mas que, não se pode confundir com mimetismo ilusório exterior, pelo contrário atualiza-se permanentemente na missão e na caridade junto aos pobres, dentro das mais variadas circunstâncias. “No carisma vicentino, revestir-se do espírito de Cristo, imprimir no coração e expressar na vida seus valores, assimilar suas atitudes mais profundas, assumir como própria sua opção fundamental pelo Reino e nutrir-se do seu amor, são as condições de possibilidade de qualquer iniciativa missionária” (cf. Vinícius Teixeira, Carisma dos Fundadores, sua assimilação e transmissão, p.05).



A espiritualidade vicentina é uma espiritualidade cristocêntrica acima de tudo, nisso a Companhia tem uma missão: “foi um grande favor que Deus concedeu a esta pequena e miserável Companhia, a felicidade de imitar Jesus Cristo. Como os ramos da videira unidos ao tronco, continuamos a missão de Jesus Cristo” (cf. SV XI, 344). A imitação do Cristo de São Vicente é a imitação do “servo sofredor” como narra o Evangelho de Lucas o filho de Deus quis ser pobre e hoje é representado por todos os pobres. São Vicente não tinha duvida que os pobres sejam nossos irmãos que Deus manda assistir, por isso, os pobres devem ser nossos preferidos como foram os preferidos de Jesus Cristo. A nossa identidade deve estar voltada para os pobres assim como Cristo se identificava com eles. A solicitude para com os pobres é a graça por excelência das Comunidades Vicentinas. 
O carisma vicentino leva-nos a refletir aquilo que expressou o apóstolo Paulo como verdade fundamental; “o amor é o dom maior, o único capaz fazer-nos descobrir o sentido da vida na doação de nós mesmos e de corresponder à graça que nos foi dada” (cf. 1 Cor 13). Para comunicar o carisma que lhe foi dado, Vicente de Paulo propõe um verdadeiro itinerário de humanização percorrido por ele mesmo ao longo da vida. Peregrinou primeiramente em torno de si mesmo, depois em torno de Deus e por fim a sua graça maior, peregrinou e viveu para os pobres.

O DESAFIO DA TRANSMISSÃO DO CARISMA E DA IDENTIDADE VICENTINA HOJE
Certamente a questão da vivencia atual da identidade vicentina e do seu carisma hoje tem trazido algumas reflexões já desde algum tempo atrás para os membros da Família Vicentina no mundo todo. Fala-se numa reconfiguração da metodologia de trabalho (forma de atuar), as chamadas mudanças de estruturas, ou “refundação”, ligada na fidelidade dinâmica e inventiva ao carisma original. O que devemos ter presente é sempre um questionamento: quais os meios que nos permitiriam assimilar em profundidade, pessoal e comunitariamente, os elementos essenciais do carisma recebido de São Vicente e Santa Luisa?
A identidade vicentina de hoje não é a de ontem. A identidade é processo dinâmico, é fidelidade à inspiração, ao dinamismo do carisma. É continuidade e ruptura. “Não se trata, porem, de uma ruptura absoluta e radical e de um recomeço a partir do nada. Do nada nada se faz, diz a velha e sempre nova metafisica do ser. É antes um surgimento, um renascimento” (cf. G. Mota Grossi, Um Místico da Missão Vicente de Paulo, p.218). A identidade vicentina de hoje é uma síntese enriquecedora como resultado de um processo dialético do passado e do presente. A identidade é também uma questão de ex-sistir: “é um apelo, uma provocação, um desafio constante... requer abertura, docilidade, coragem de projetar-se, de lançar-se” (cf. G. Mota Grossi, Um Místico da Missão Vicente de Paulo, p.219). Identidade é um projeto.  Não é necessário ficar lamentando a falta de identidade, paralisados a procura de quadro feito e acabado que se encaixe sem correr riscos e ameaças.
A identidade está ligada com a questão de identificação. “Quando agente se identifica com um sonho, um ideal, um projeto de vida, quando agente assume, se entrega, se joga e arrisca, é aí que agente vai criando identidade, definindo os contornos de uma fisionomia própria” (cf. G. Mota Grossi, Um Místico da Missão Vicente de Paulo, p.220). A sabedoria popular diz “fabricando é que se faz o fabricador”.
Hoje sabemos que estamos num contexto totalmente diferenciado dos nossos fundadores, nisso não podemos repetir os santos, assim como não podemos repetir nem mesmo a Jesus Cristo. O carisma é dinâmico, exatamente por ser dom do “Espírito de vida”. “Outrora, fora dos quadros de revoluções e guerras entre os grandes, não era tão trágica a luta pela vida. Numa sociedade bem menos complexa, menos competitiva, com baixo nível de consciência, parece menos difícil de ter onde morar, o que comer o que vestir, e a garantia de uma vida relativamente tranquila, sem tantas ameaças e incertezas. “A cristandade, em que os valores religiosos e suas práticas eram reforçados pelas estruturas civis e sociais, vai desaparecendo aos poucos. A Igreja e o Estado se separam cada vez mais. Desenvolvem-se sociedades pós-cristãs e não cristãs” (cf. Maloney, p. 65). O secular é destacado positivamente pela Teologia e a Espiritualidade. “No campo ético, por exemplo, o que verdadeiramente é humano é considerado como moralmente bom. Em consequência o que enriquece a humanidade também constrói o Reino de Deus” (cf. Maloney, p. 65).

A questão é que o homem moderno não sabe mais conciliar-se com o fenômeno “Igreja” e com o fenômeno “Cristianismo”.
Hoje, ativou-se a consciência da dignidade humana. Acordamos para as exigências e os direitos fundamentais da pessoa, cada vez mais carente, atormentada por contínua ansiedade e angústia por moradia, comida, condições de vida digna” (cf. G. Mota Grossi, Um Místico da Missão Vicente de Paulo, p. 176). Outra questão é: onde estão os pobres hoje. O grande evangelizador chileno Segundo Galilea já na década de setenta nos diz que os pobres estão no “exílio”, isto é, os pobres são privados de todos meios de sobrevivência, são invisíveis. 
Vejamos aí que há necessidade de atualizar a maneira de evangelização, ou seja, a metodologia do trabalho, mas sem jamais esquecer que: “a fonte comum não é outra senão o dom do Espírito concedido aos nossos fundadores e por eles transmitido a todos os que se dispõe a acompanhar sua            peregrinação nos caminhos de Deus e dos pobres” (cf. Vinícius Teixeira, Carisma dos Fundadores, sua assimilação e transmissão, p. 08). Não podemos perder o dinamismo do carisma. Se isso vier a acontecer estaremos traindo o carisma dos fundadores e o Espírito que os suscitou a vitalidade para a Igreja.
Em relação à questão da atualização, o Concílio Vaticano II com seu Compendio trouxe algumas iluminações: em princípios gerais. “A atualização da vida religiosa compreende ao mesmo tempo contínuo retorno às fontes de toda a vida cristã e a inspiração primitiva e original dos institutos, e a adaptação dos mesmos as novas condições dos tempos” (cf. Compendio Vat. II, p. 488). Nos seus critérios práticos diz: “a organização da vida, da oração e do trabalho, há de adaptar-se, por toda a parte, sobretudo nos territórios de missões, as condições físicas e psíquicas hodiernas dos membros e ainda, conforme o exija a índole própria do Instituto, as necessidade do apostolado e as exigências da cultura, como igualmente as circunstancias sociais e econômicas” (cf. Compendio Vat. II, p. 489). Para a nossa Congregação a base da atualização vem de nossas próprias constituições. “Em razão de seu fim, tendo em vista o Evangelho e sempre atenta aos sinais dos tempos e aos apelos mais urgentes da Igreja, a Congregação da Missão procurará abrir caminhos novos e empregar meios adequados às circunstancias dos tempos e dos lugares. Além disso, terá o cuidado de avaliar e organizar suas obras e ministérios, de modo a permanecer em estado de renovação contínua” (cf. Constituições, art. 2).
A nova maneira de ser Igreja proposta pelo Concílio tem como base à conversão a um novo Cristianismo com total dedicação à libertação dos pobres. “Uma pastoral que se afirma em meios de ação pobres”. “Uma Igreja que nasce a partir dos pobres se faz solidária com eles, compadece de sua condição, leva-os a participar do Evangelho” (cf. Segundo Galilea, Os pobres nos Evangelizam? 1977). O Documento de Aparecida também nos lembra de que as estruturas eclesiásticas devem ser sinais da presença de Deus: “nenhuma comunidade deva isentar-se de entrar decididamente, com todas as forças, nos processos constantes de renovação missionária e de abandonar as ultrapassadas estruturas que já não favoreçam a transmissão da fé” (cf. DA, nº 365).
A identidade missionária vicentina hoje exige de nós uma nova forma de presença ao pobre. “diante da nova compreensão da missão no sentido de anúncio do Reino como esperança de vida plena, em total sintonia com a inspiração vicentina da missão espírito-corpo, missão fé-vida, estamos acordando para a insuficiência e limites da presença ocasional das chamadas missões populares” (cf. G. Mota Grossi, Um Místico da Missão Vicente de Paulo, p. 228). As missões populares tornam-se visitas turísticas, não compreendem o cotidiano de um devido povo. “Para ver, com os olhos da fé e do coração, de maneira mais profunda, não à luz de passageira emoção, mas à luz do olhar compassivo do coração de Deus, as aflições do povo e descer de nossas alturas para libertá-lo, é preciso viver com os pobres o quotidiano da vida. Para ter credibilidade no meio dos pobres não basta ir lá e falar. É preciso ficar, padecer, compadecer, compartilhar dos anseios e das lutas libertárias, comprometer-se arriscar com eles” (cf. G. Mota Grossi, Um Místico da Missão Vicente de Paulo, p. 230). As missões populares adquirem êxito se de fato houver uma presença no dia-a-dia acompanhando o desenvolvimento de uma realidade cultural, politica e social.



 A religiosidade popular é o centro da comunidade cristã, desde que não incorra em um devocionismo popular (santuários, louvores, rituais). “A religiosidade popular nos faz descobrir que os pobres e pecadores como todos são sujeitos de espiritualidade. Tem uma mística a nos oferecer. Evangelizar os pobres, construir uma Igreja popular significa receber e reconhecer desta espiritualidade para desenvolvê-la em uma educação da fé que explicite o que há aí de experiência de Cristo e seu seguimento” (cf. Segundo Galilea, Os pobres nos Evangelizam? 1977). A religiosidade popular se da na vida diária através da solidariedade, hospitalidade, que respondem as atitudes cristãs e configura a espiritualidade ordinária dos pobres.
Trazendo preocupações como essas é que foi organizada a 41ª Assembleia Geral da CM realizada em Paris no ano de 2010 tendo como tema Fidelidade Criativa para a Missão. Para responder com maior criatividade à missão e à caridade busca-se uma reconfiguração na comunidade. “A reconfiguração é uma resposta criativa quando orienta o pessoal e os recursos para uma missão e uma caridade mais eficazes, e não é simples manutenção ou consolidação de estruturas ou programas que foram comprovadamente ineficazes” (cf. Documento de Síntese da AG 2010). A criatividade na missão também pressupõe as mudanças de estruturas que indicam claramente que não há pessoas que são pobres, mas também que existem na sociedade estruturas que mantêm os pobres oprimidos e empobrecidos. “Se há alguns entre nós que pensem que estão em missão para evangelizar os pobres e não para cuidar deles, para remediar suas necessidades espirituais e não temporais, dir-lhes-ei que temos que assisti-los e fazer que os assistam de todos os modos, nós e os demais” (cf. Conferencia de 6 de dezembro de 1658). A mudança de estrutura como prática pastoral centra-se em romper o ciclo da pobreza e suas causas e capacita os pobres para que se responsabilizem pela direção de seu próprio destino.

Mensagem da Presidenta do CNB -- Jornada Mundial da Juventude Madri 2011

http://vibrar.ning.com/video/mensagem-aos-jovens 

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

1/2 Vida de San Vicente de Paúl Fundador de los Misioneros Paúles y de l...

2/2 Vida de San Vicente de Paúl Fundador de los Misioneros Paúles y de l...

Himno a san vicente de paul

SV para niños

San Vicente de Paúl 3 - 3

San Vicente de Paúl 2 - 3

San Vicente de Paúl 1 - 3